Às vezes, pode ser um pouco difícil desenhar a linha entre sorte e habilidade ao jogar poker. Talvez, determinados jogadores parecem claramente ter mais habilidade que outros, mesmo sendo os jogadores sortudos os que sempre ganham. Até podemos estar familiarizados com um dizer comum no pôquer: "Prefiro ter sorte a ser bom".
Então, o pôquer é, de verdade, um jogo de habilidade ou tem mais a ver com a sorte? Vamos descobrir a resposta.
Sorte versus habilidade
Até mesmo instituições governamentais têm dificuldade em determinar se o pôquer é um jogo de habilidade, como o oposto de um jogo de sorte. Então, por que os jogadores de poker têm tanta certeza de que eles têm a resposta?
Uma coisa que nós sabemos ao certo é que há tanto um elemento de habilidade quanto de sorte nos jogos de poker. Como sabemos disso?
Podemos dizer facilmente se um elemento de habilidade existe em um jogo se for possível perder, de forma intencional.
Pense em um jogo em que a maioria concordaria que é puro azar, como a roleta. Podemos perder intencionalmente um jogo de roleta? De modo algum. Não importa quão duro nos esforçamos, sempre haverá uma chance de ganharmos.
Mas e o pôquer? Podemos perder intencionalmente? Claro que podemos, basta desistir em todas mãos de pré-flop. Dado que nosso oponente não está fazendo o mesmo que nós, temos quase certeza de que vamos perder. Naturalmente, a maioria dos jogadores nunca seria ruim o suficiente para fazer algo do tipo. Mas essa situação ilustra a questão de que nossas decisões têm sim um impacto em quão lucrativo o jogo pode ser para nós.
Efeito da sorte em uma dimensão de amostra
Também é importante diferenciar o pôquer de um jogo como blackjack. Mesmo o blackjack tendo um elemento de habilidade adicionado a ele, é provavelmente mais correto referir-se a ele como um jogo de azar, o oposto de um jogo de habilidade. A casa (cassino) montou o blackjack de uma forma que, vencer o jogo, é quase impossível ao longo de muitas mãos. (Observe que há exceções onde o cassino não tomou as devidas providências para garantir que sua vantagem é tão forte quanto deveria ser).
Então, por que as pessoas ainda jogam blackjack se elas estão destinadas a perder no meio do caminho? Bem, apesar da casa ter uma vantagem, é possível que os jogadores tenham sorte no curto prazo e acabem tendo lucro. Na verdade, quanto menor o número de mãos de blackjack eles jogam, mais a sorte tem um papel no desfecho do jogo. Conforme eles começam a jogar mais e mais mãos de blackjack, a chance de que a cara vencerá diminui lentamente. Se alguém fosse jogar um número infinito de mãos de blackjack, a casa sempre venceria.
Há semelhanças como esta no pôquer, que explicam por que ainda há discussões sobre a questão de "habilidade versus sorte". Se simplesmente fossemos jogar 1 mão de pôquer, então seria um jogo de sorte sem um elemento de habilidade adicionado a ele. Quanto mais mãos jogarmos, mais o pôquer torna-se um jogo de habilidade com um elemento de sorte adicionado a ele. A sorte raramente se destacará no curso de 1 mão de pôquer. Em vez disso, sua tendência é dar a todos os jogadores uma participação igual de sorte sobre uma quantidade bem maior de mãos (ou dimensão da amostra). Podemos usar o diagrama a seguir para ilustrar isto:
Não estamos usando nenhum número específico aqui, mas é importante mencionar que a maioria dos jogadores subestima altamente quantas mãos leva antes do pôquer se tornar um jogo de habilidade em vez de um de sorte. Não estamos falando de centenas, mas de milhares de mãos, aqui. Estamos falando sobre dezenas de milhares de mãos, no mínimo absoluto.
A variação é ENORME
Se tivéssemos jogado uma média inferior a 10.000 mãos, não teríamos informações suficientes para provar que somos um jogador ganhador ou perdedor. Na verdade, até mesmo dimensões de amostra de 50.000 a 100.000 podem, às vezes, ser vagas.
A seguir, veja uma captura de tela de um simulador de EV. Basicamente, ele mostra o que podemos esperar com relação à variação estatística de mesas a dinheiro. O jogador exibido é um vencedor 6bb/100 certificado (6 big blinds ganhos a cada 100 mãos, em média), e o gráfico mostra a variação de resultados possíveis ao longo do curso de 100.000 mãos.
A simulação é realizada 100 vezes, e o melhores e piores resultados possíveis são colocados no gráfico. A linha preta pontilhada indica uma taxa de ganho de 6bb/100; em outras palavras, o resultado médio.
Deveríamos ser capazes de ver que é possível para um vencedor de 6bb/100 (uma taxa de ganho bem considerável nos jogos atuais), perder, de fato, em uma dimensão de amostra de 100.000 mãos. Isso não é demasiadamente provável, mas, pressupondo que jogamos mãos o suficiente de pôquer, isso acontecerá uma hora.
Também podemos estabelecer que é claramente possível que jogadores perdedores ganhem séries de jogos. Há exemplos de jogadores ganhando mais de 50.000 mãos e largando seu trabalho regular, apenas para descobrir que eles, na verdade, são jogadores perdedores no longo prazo.
Enquanto olhamos principalmente para mesas a dinheiro, o mesmo é verdade, talvez até mais para jogadores de torneio. A variação é bem maior em torneios de pôquer que é para mesas a dinheiro. Esse cenário é especialmente evidente quando consideramos jogadores de torneio ao vivo que, talvez, apenas joguem um número limitado de eventos por ano. É possível que anos se passem até os eventos de variação acontecerem. Em muitos casos, a variação pode não acontecer realmente, mesmo no ciclo de uma vida inteira.
Sorte no pôquer – Um mito?
É verdade que um pouco de sorte no pôquer pode fazer a diferença entre ser um grande sucesso e ser alguém que nunca o alcança. Entretanto, isso não significa que devemos confiar que a sorte nos trará dinheiro.
Talvez você tenha visto aqueles caras que carregam objetos de "sorte" ou protetores de cartas em todos torneios ao vivo. Enquanto a sorte existe, de forma que algumas pessoas passarão a vida inteira perdendo e outras ganhando, não é correto atribuir "sorte" como uma propriedade de um determinado objeto. Sorte como uma qualidade mística que continua a favorecer certas pessoas ou objetos é um mito no pôquer.
Em vez de esperar ter sorte, queremos fazer o que estiver no nosso alcance para melhorar sua habilidade no pôquer. Além de ajudar a ter uma ideia realista do que podemos esperar em termos de sorte e azar. A maioria das pessoas subestima altamente o efeito da variação no pôquer. É comum para jogadores de pôquer gabarem-se após ganhar uma dimensão de amostra de algumas simples centenas de mãos. Isso mostra que eles não entendem completamente que os resultados de uma dimensão de amostra pequena são bem menos um fruto da habilidade e mais um fruto de sorte no pôquer.